Universos paralelos são um tema recorrente na ficção científica, mas algumas teorias científicas oferecem suporte à sua existência. Se eles existem, seria possível viajar para esses universos?
Os universos paralelos aparecem em duas áreas da física. A primeira está na teoria da inflação cósmica, que descreve os instantes iniciais do universo. Nesse cenário turbulento, múltiplos universos podem ter se expandido simultaneamente, originando uma infinidade de realidades, cada uma com suas próprias leis físicas e arranjos de matéria. No entanto, viajar até eles seria quase impossível, já que estão além do observável e se afastam a velocidades superiores à da luz.
Outra possibilidade surge na interpretação de muitos mundos da mecânica quântica. Essa teoria sugere que, sempre que um evento quântico aleatório ocorre, o universo se divide em múltiplas versões, cada uma contendo um dos possíveis resultados. Assim, o multiverso estaria constantemente se ramificando, abrangendo todas as possibilidades quânticas.
Mas como chegar a um desses universos paralelos?
Uma ideia é construir uma máquina do tempo. Se fosse possível viajar ao passado, isso poderia fornecer um caminho para universos alternativos. No entanto, o retorno ao passado levanta paradoxos, como o famoso paradoxo do avô: se alguém viajasse no tempo e impedisse o nascimento do próprio avô, acabaria eliminando a própria existência.
Stephen Hawking propôs a conjectura da proteção cronológica, que sugere que a viagem ao passado pode ser proibida exatamente para evitar tais paradoxos. Outra possibilidade, sugerida por Igor Novikov, é que o passado seja imutável: qualquer tentativa de alterá-lo acabaria, de alguma forma, mantendo a linha do tempo intacta.
Mas e se viajar ao passado não significasse mudar a própria história, e sim entrar em uma linha do tempo diferente? Assim, qualquer ação realizada no passado criaria ou acessaria uma nova realidade, sem afetar a original. Essa ideia se encaixa bem na interpretação de muitos mundos, pois implicaria simplesmente mudar de uma ramificação para outra.
Apesar da lógica por trás dessas teorias, ninguém conseguiu demonstrar que esse tipo de viagem no tempo seja viável. Estudos envolvendo a mecânica quântica enfrentam desafios, já que os campos quânticos parecem se comportar de forma caótica na presença de máquinas do tempo. Mesmo sistemas clássicos apresentam problemas: não sabemos como a criação de realidades alternativas afetaria a estrutura do espaço-tempo.
Se fosse possível construir uma máquina do tempo, poderíamos testar a existência dessas histórias alternativas de maneira simples: bastaria tentar mudar algo no passado que lembramos de maneira diferente. Se a alteração fosse impedida de alguma forma, isso indicaria que existe apenas uma linha do tempo fixa. Mas se a mudança ocorresse, teríamos evidências de que múltiplas realidades coexistem.
Ainda não sabemos se isso é possível, mas também não conseguimos descartar totalmente essa hipótese. A viagem ao passado parece proibida, mas sem uma explicação definitiva. Nosso passado pode estar perdido para sempre — ou talvez seja apenas um entre muitos, esperando para ser explorado.