Um grande estudo publicado recentemente revelou que seguir uma dieta à base de plantas está associado a um risco reduzido de doenças cardíacas, câncer e morte. A pesquisa analisou quase 50 estudos realizados entre 2000 e 2023, examinando os efeitos na saúde de dietas vegetarianas e veganas, que excluem todos os alimentos de origem animal, incluindo laticínios.
Os resultados demonstraram claramente que esses padrões alimentares estão ligados a um menor risco de desenvolver câncer e doenças cardíacas isquêmicas (causadas por artérias obstruídas). Em particular, essas dietas parecem diminuir o risco de câncer de próstata e cânceres gastrointestinais como o câncer de cólon. As dietas vegetarianas também foram associadas a uma menor probabilidade de morte por doenças cardiovasculares.
Além disso, as dietas baseadas em plantas foram relacionadas a uma redução de fatores de risco para doenças cardíacas e câncer, como excesso de peso, inflamação e níveis elevados de colesterol LDL ou “ruim”.
Segundo Matthew Landry, um dos autores da revisão, “esta pesquisa mostra, em geral, que uma dieta à base de plantas pode ser benéfica, e dar pequenos passos nessa direção pode fazer a diferença. Você não precisa se tornar completamente vegano para ver alguns desses benefícios. Mesmo reduzir o consumo de alimentos de origem animal em um ou dois dias por semana pode trazer benefícios ao longo do tempo.”
No entanto, o Dr. Walter Willett ressaltou que nem todos que seguem uma dieta à base de plantas consomem os mesmos alimentos, então os níveis de saúde ainda variam. Ele explicou que uma dieta vegetariana saudável deve ser composta principalmente por grãos integrais, frutas, vegetais, nozes, soja, feijões e óleos vegetais não hidrogenados.
Os pesquisadores ainda investigam os mecanismos pelos quais essas dietas reduzem o risco de doenças. Parte pode estar relacionada à prevenção da obesidade, que está ligada às doenças cardíacas e certos tipos de câncer. Mas os benefícios provavelmente vão além disso, como a redução da inflamação e do colesterol ruim, devido aos antioxidantes e fibras presentes nos vegetais.
A revisão não recomendou dietas totalmente à base de plantas para todas as pessoas, especialmente durante a gravidez, devido a possíveis deficiências nutricionais. No entanto, os autores enfatizaram que uma alimentação saudável rica em vegetais, frutas, grãos integrais e fontes de proteína vegetal pode suprir a maior parte das necessidades de vitaminas e minerais.
A pesquisadora Brie Turner-McGrievy, que publicou um estudo em 2014 sobre como dietas à base de plantas podem reduzir fatores de risco para doenças cardíacas, AVC e diabetes tipo 2, observou que grande parte dos benefícios só pode ser alcançada consumindo alimentos integrais, e não apenas suplementos de fibras.
Outro possível benefício é a ausência de carne, já que as pessoas veganas tendem a consumir menos gordura saturada do que quem come carne. Turner-McGrievy ressaltou que “é muito difícil reduzir a ingestão de gordura saturada se você consome alimentos de origem animal. O queijo, por exemplo, é a principal fonte de gordura saturada na dieta.”
A Organização Mundial da Saúde considera os produtos cárneos processados, como bacon e salame, capazes de elevar o risco de câncer, assim como classifica a carne vermelha em geral como um “provável cancerígeno humano”.
As dietas vegetarianas e veganas são consideradas adequadas e saudáveis em todas as fases da vida, incluindo gravidez, infância e velhice. Porém, a revisão não recomendou dietas vegetarianas estritas durante a gestação, devido a possíveis deficiências nutricionais observadas em alguns estudos, como níveis mais baixos de zinco e maior risco de bebês com baixo peso ao nascer.
Os autores também alertaram sobre o risco de deficiência de vitamina B12 nessas dietas para a população em geral, mas Landry afirmou que “uma dieta saudável à base de plantas, seja vegetariana ou vegana, pode realmente atender quase todas as suas necessidades de vitaminas e minerais”, bastando tomar um suplemento de B12.
