Um dispositivo desenvolvido por uma colaboração entre físicos e bioquímicos representa um avanço no campo da tecnologia para testes clínicos acessíveis e confiáveis.
A pandemia de Covid-19 surpreendeu o mundo, espalhando-se rapidamente enquanto autoridades e cientistas buscavam maneiras de combatê-la. No Brasil, até o fechamento deste relatório, a doença resultou em mais de 700 mil mortes, segundo números oficiais. Embora a vacinação tenha mudado o cenário, o período de emergência impulsionou pesquisadores a desenvolverem novas ferramentas para combater o vírus, com os métodos de teste sendo cruciais.
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), dois grupos de cientistas se uniram em busca de um método de teste mais eficiente e acessível, levando à criação de um biossensor óptico capaz de detectar a infecção pelo vírus. Desenvolvido em colaboração entre o Grupo de Pesquisa de Dispositivos Nanoestruturados (DiNE), do Departamento de Física, e o Núcleo de Fixação Biológica de Nitrogênio (NFN), do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, o dispositivo pode identificar pequenas quantidades de anticorpos, mostrando alta sensibilidade e reduzindo o risco de resultados falso-negativos.
Embora o dispositivo experimental detecte apenas anticorpos, o que limita sua utilidade após a vacinação em massa, ele está sendo adaptado para detectar diretamente o vírus. De acordo com o professor Emanuel Maltempi, um dos pesquisadores envolvidos na patente, o biossensor poderia ter sido uma ferramenta valiosa para testes práticos e rápidos durante a pandemia. Ele destacou que essa técnica acessível poderia ser utilizada até mesmo nos consultórios médicos, com apenas uma gota de sangue do dedo.
O biossensor é construído em camadas e utiliza o polímero semicondutor F8T2 como base. Quando exposto à luz, esse material emite um padrão luminoso característico, chamado fotoluminescência. A segunda camada consiste em um biorreceptor, especificamente um antígeno presente na proteína spike, que o vírus utiliza para infectar as células. Além disso, o dispositivo recebe uma camada de bloqueio de superfície e, por fim, o material coletado do paciente para realização do teste.
Quando uma pessoa é infectada, o corpo produz anticorpos que se ligam à proteína spike do vírus para neutralizá-lo. Essa ligação é reproduzida na superfície do biossensor durante o teste, causando uma mudança detectável no padrão luminoso emitido pelo polímero F8T2. A pesquisadora Maiara de Jesus Bassi, envolvida no desenvolvimento do dispositivo, explicou que essa detecção é feita por meio de equipamentos de laboratório de alta precisão, mas que, para a produção em massa, seria possível utilizar equipamentos portáteis.
A eficácia do biossensor foi testada com soros humanos do NFN, permitindo identificar com segurança quais amostras continham anticorpos contra o vírus. Segundo Bassi, essa tecnologia representa um método poderoso e versátil de detecção, com potencial para superar muitas limitações dos métodos tradicionais, principalmente devido à rapidez e simplicidade de operação.
Uma das principais vantagens do dispositivo é a simplicidade do processo de produção, que envolve a deposição das camadas de materiais em um substrato. Para a produção em massa, esse processo pode ser realizado utilizando impressoras, resultando em uma grande quantidade de testes rapidamente. Além disso, o produto final pode ser compacto, utilizando pouca matéria-prima e gerando poucos resíduos.
Os pesquisadores também destacaram a possibilidade de adaptar o biossensor para detectar outras infecções, além da Covid-19. O sucesso do dispositivo abre caminho para sua aplicação em uma variedade de doenças infecciosas causadas por diferentes vírus. Essa pesquisa exemplifica o potencial das colaborações interdisciplinares entre física e saúde, resultando em inovações importantes.
Uuuuaaaaauuuuu finalmente a UFPR começa a dar algum resultado na luta contra a COVID. Mas graças a Deus não dependemos deles e da prometida vacina que nunca passou da fase experimental.