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sexta-feira, novembro 22, 2024
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Arqueólogos encontram vinho de dois mil anos

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Uma urna funerária romana de 2 milênios atrás, descoberta no sul da Espanha, continha o vinho mais antigo já encontrado ainda no estado líquido. Achada durante reformas em uma residência em Carmona, em 2019, o conteúdo da urna foi analisado por pesquisadores da Universidade de Córdoba.

O líder do estudo, José Rafael Ruiz Arrebola, professor de química orgânica, revelou que a urna guardava restos cremados, marfim queimado provavelmente de uma pira funerária, e cerca de 4,5 litros de líquido avermelhado. “Quando os arqueólogos abriram a urna, quase congelamos de surpresa”, relatou.

A equipe então analisou quimicamente o líquido e constatou ser vinho. Uma grande surpresa, pois normalmente o vinho evapora rápido e é quimicamente instável, explicou Ruiz Arrebola. “Isso significa que é quase impossível encontrar o que descobrimos”, ressaltou, esclarecendo que o vinho foi preservado por um selo hermético que impediu a evaporação, ainda que não se saiba como esse selo se formou.

Análises químicas adicionais permitiram identificar o líquido como um vinho branco, por não conter ácido siríngico, presente apenas em vinhos tintos. Também tinha composição de sais minerais similar aos vinhos finos hoje produzidos na região.

“É algo único. Tivemos a sorte de encontrá-lo e analisá-lo – é algo que você só vê uma vez na vida”, celebrou Ruiz Arrebola. Os pesquisadores acreditam que sua descoberta supera o atual recorde de vinho mais antigo no estado líquido, pertencente à garrafa Speyer, encontrada na Alemanha e com cerca de 1.700 anos, cuja idade, porém, não foi confirmada por análises químicas.

O vaso era uma das seis urnas funerárias com restos mortais encontradas no mausoléu. A descoberta de um anel de ouro e outros artefatos valiosos sugere que foi construído por uma família abastada. Contudo, pouco se sabe sobre suas vidas, pois a cremação destruiu qualquer DNA, impossibilitando determinar se as seis pessoas eram parentes. Ruiz Arrebola pretende agora tentar identificar a qual vinho local moderno o achado é mais semelhante, embora existam centenas de opções a serem analisadas.

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